O Sábio diz:

"Às vezes, para poder ir à outra página...
É preciso aprender a deixar as páginas virarem."
(O Sábio - Retorno ao Labirinto)

terça-feira, 30 de julho de 2013

O Retorno ao Labirinto - Capítulo 1 - Parte 1

Sarah acordou num sobressalto ao ouvir o despertador tocando do outro lado do quarto. Ela dormira debruçada sobre o teclado, havia quadradinhos marcados em sua bochecha e páginas e mais páginas de caracteres desconexos na tela do seu computador.
Ajeitou os óculos e apagou o texto indesejado, levantou e se espreguiçou, sentindo-se masoquista por gostar daquela dor muscular matinal.
Respirou fundo, foi até a sua cama sentando-se nela e dando um tapinha no despertador para silenciá-lo. Manteve a mão ali, olhando para o nada. Não era a primeira vez que sonhava com o passado. Sonhara várias vezes com aquele dia em que estivera no labirinto procurando por seu irmãozinho, tantos anos antes.
Abanou a cabeça, mandando aquele pensamento para longe. Tinha um dia longo pela frente, uma agenda para seguir e um irmão para cuidar.
Depois de se arrumar, desceu para a cozinha e já no meio da escada soube que seu irmão acordara mais cedo quando sentiu o cheiro de café fresco.
 — Caiu da cama? – ela perguntou quando abriu a porta vai-vem da cozinha e viu um jovem louro usando um avental debruçado sobre o balcão de costas para ela picando alguma coisa.
 — Bom dia! – Ele sorriu para ela e voltou a picar. Sarah andou pela cozinha observando a mesa que não estava arrumada para o café da manhã, mas aparentemente, para um piquenique. Havia tupperwares com lanchinhos de patês, outra com bolo de chocolate cortado em quadrados, e mais uma com uma torta salgada que a fez se perguntar a que horas ele havia levantado. Nada daquilo parecia recém-saído do forno.
 — EI! Devolve! – ele parou de picar quando viu Sarah levar um dos lanchinhos à boca.
 — Agora eu já comi. – ela foi até o lado dele e se apoiou no balcão de mármore com o quadril. – Pra que tudo isso?
 — É aniversário da Bèa. – A faca voltou à ativa. – Vamos fazer uma festinha pra ela no teatro.
 — Claro, a Bèa... – ela concordou como se aquilo fosse óbvio. – É aquela com cachinhos, né? – seu irmão concordou em silêncio.
 — E suponho que essas festinhas sejam comuns entre os atores, né? – ela viu que o seu irmão estava ficando vermelho e os tomates que ele picava ficavam cada vez menores.
 — E acredito que a idéia tenha sido sua. – ela tentava conter o riso, olhou discretamente para ele. – É um jeito novo de fazer suco de tomate?
Ele parou de picar e ela riu.
 — A que horas você levantou? – perguntou remexendo nos lanches e mordendo outro (ganhando outra careta do irmão)
 — Fiz metade ontem à noite. Você se enfiou no seu computador e eu vim pra cá.
 — Já pensou em ser cozinheiro em vez de ator? – ela sentou-se na bancada. – você cozinha bem.
 — É – ele largou a faca, amuado. – cozinho melhor do que atuo.
 — Tobby, você sabe que isso não é verdade! – ela puxou o rosto dele com a mão delicadamente e sorriu de forma compreensiva. – Todo mundo tem seus dias ruins. Você só está um pouco disperso, só isso. Por que não pede ajuda ao Lancelot?
Tobby baixou o olhar. – “Estou muito velho para brincar com ursos de pelúcia.”
 — Nunca se está velho demais para os amigos, Tobby. Lancelot me ajudou por muito tempo... Como quando eu quase perdi você, pensou ela, mas nada disse. Apenas puxou o irmão para abraçá-lo com carinho.
 — Ta tudo bem aí?
 — Sim. Só um pouco nostálgica. – ela o soltou e desceu da bancada. Foi tomar o café que ele havia feito e fez uma careta. – Ai, Tobby... – tossiu de leve. – Nunca mais faça café!

domingo, 21 de julho de 2013

Minha Casa, Minha Vida...

Titulozinho ruim do caramba, mas foi o que me veio à mente agora que acordei de vez...
Do começo, estou na casa da minha amiga Sofia. Somos amigas há, tipo, um milhão de anos e cada vez mais forte fica a nossa amizade... Bem...
Ela sempre foi uma pessoa independente. Sempre conseguiu se virar sozinha. Eu também, mas com algumas diferenças...
Então ela teve a oportunidade de morar sozinha e conseguiu fazer isso muito bem. Primeiro foi em São Paulo, quando estava na faculdade, depois, quando sua mãe conseguiu um emprego em São Carlos, mudando-se para lá, deixando-a aqui. Ela tem se ajeitado muito bem, e periodicamente eu vinha lhe fazer uma visita (também conhecida como "passar o fim de semana").
Tudo isso me tem feito pensar... ou voltar a pensar... Essas coisas que eu já tinha em mente há tanto tempo, pois já passou da hora.
Eu quero ter minha própria casa. E quem não quer?
Minhas coisas, Minhas regras, Meus horários, Meu espaço, Minha comida dentro da geladeira... Meu próprio estilo de vida.
Todo mundo que cria certa independência, sonha em ter a própria casa, isso é óbvio. Sair debaixo da asa dos pais, poder fazer o que se quer, mas que não pode por conta de outrem.
Poder andar de calcinha pelos corredores... quem nunca?
Acordar de manhã e deixar o quarto bagunçado sem culpa.
Passar o dia de pijama...
Infelizmente eu não tive a oportunidade real de morar sozinha. Sei que conseguiria manter uma casa em ordem, pois sempre estive só em casa. Desde pequena, minha mãe trabalhava até tarde, meus irmãos estavam na escola e meu pai... bom... meu pai era o meu pai... Então eu voltava da escola, logo a empregada ia embora e eu ficava aqui, dentro dessa casa grande e vazia. Aprendi a me virar.
Tenho pânico de direção, então aprendi a andar de ônibus e a caminhar. Aprendi a cozinhar para mim mesma e a fazer estoque de miojo, quando a situação aperta.
Aprendi a economizar e a andar com uma graninha (né, mãe?).
Minha mãe me ensinou bem as coisas de casa. Mesmo tendo uma aversão avassaladora, eu lavo minha própria louça. Descobri que adoro lavar e pendurar roupas. Há algo de divertido em separar por cores ou estampa ou tipo de tecido, e sempre encontro uma faísca mágica na roupa cheirando ao sabão que eu escolho.
"É como roupa pendurada no varal." Eu SEMPRE gostei dessa frase, mesmo não sabendo o seu significado... Mas sempre que eu estendo as roupas, me lembro dela e me animo. (Talvez ESSE devesse ser o título do post, afinal...).
Mas o fato, é...
Estou louca para ter minha própria casa... Como disse, mais na teoria do que na prática, eu acredito que consiga dar conta... Mas não tenho dinheiro suficiente para conseguir me manter por mais do que uma semana.
Eu não tenho como comprar uma casinha, não tenho como bancar um aluguel e IPTU e comida e telefone e água e comprar gás e...
São tantos "es"...
E eu não tenho esses "es"... Por isso eu ainda moro debaixo da asa da minha mãe, que monta a minha marmita pra eu levar pro trabalho, que lava e passa minhas roupas, que deixa a cozinha bonitinha quando eu acordo de manhã... Eu sei que, quando eu tiver a minha casa, vai ser diferente e o meu tempo para dormir será menor... Tenho ciência disso, mas são as conseqüências de quem quer ser independente. Isso se chama "crescer."
Sei, também, que eu não estou num emprego que sirva para me manter sozinha em uma casa... Primeiramente, que trabalhar atrás de um balcão é a morte para mim, mas é o que tenho no momento e que me permite pagar a faculdade! Assim que me formar, vou trabalhar com isso; livros, filmes, arte, comunicação, cultura! Daí poderei ter o meu estilo de vida!
Há pouco tempo descobri esse blog chamado Depois dos Quinze, de uma moçoila chamada Bruna Vieira. Simplesmente adorei! Ela conta um pouco da própria história. Não cheguei a ler tudo, óbvio, mas o que li, me fez ter mais vontade de realizar os meus sonhos (independente de serem materiais ou não...). Fiz dela um modelo a seguir, (além de outras pessoas...) e assim vou galgando os degraus certos! Dei muitas cabeçadas, eu reconheço... Mas é bom errar.
Agora é só esperar o fim da faculdade...
E é por isso que eu batalho, corro atrás, questiono, guardo dinheiro (ou, pelo menos, tento)... Porque eu ainda tenho o meu sonho de ter uma casinha ajeitadinha.
E ela seria perfeita...
Eu sempre gostei de casas grandes e espaçosas, com muito conforto (pois sou Taurina e meu Pecado Capital é a Preguiça!). Meu sonho era uma casa de 3 andares, com varanda, um quintal enorme, piscina, edícula, área de churrasqueira, sótão, porão, uma cozinha enorme, garagem para 2 carros, gramado frontal, árvores, árvores, árvores e mais árvores cheias de frutas no quintal, mas... Para viver sozinha, e com os poucos recursos financeiros dos quais disponho (mas que, quando eu for uma escritora fodolônica, irá aumentar vertiginosamente), preciso de uma casa prática, pois quero trabalhar com as coisas da Editora, meus livros, quero voltar ao teatro, quero ter gatos... E uma casa grande vai ser um pouco incômoda, pois terei de limpar tudo sozinha (pelo único e simples fato de que eu tenho um maldito TOC e me irrita profundamente que qualquer pessoa arrume as minhas coisas de um jeito diferente do meu).
Em uma das minhas histórias, eu descrevi a protagonista morando em uma casa na beira do riacho, toda de madeira, com árvores ao redor, e dois andares (sendo apenas o quarto dela tooooodo o andar superior), e com lareira... E até um fogão à lenha...
Agora, com essa fase de praticidade e rapidez do mundo, o ideal é que tudo esteja à mão. Então uma casa pequena e simples também me agrada e muito.
Uma mesinha de café da manhã, um gato gordo deitado na janela, televisão SÓ pra jogar video-game e assistir a meus filmes (porque eu não gosto de ver TV), muita música o dia inteiro, uma grande janela para que a casa seja sempre muito iluminada e fresca, um quintal cheio de árvores e uma namoradeira. Uma mesa de ferro sob um caramanchão de saritéias, onde eu tomaria chá à tarde, com um bom livro e o tal gato no meu colo.
Quero uma casinha perfeita!
Só que dizem que você não pode ter a própria casa, se não consegue nem manter o quarto em ordem...
Então agora eu vou arrumar o meu quarto... XD